Foucault , Deleuze: um dialogo fecundo e ininterrupto
Gilles Deleuze
e Michel Focault encontraram-se em 1963. Era a véspera da aparição de Nietzsche.Michel Foucault queria trazer Gilles Deleuze como
professor para a Universidade de Clemont-Ferrand,
onde ele mesmo ensinava. A coisa não se realizou, tendo o ministério da Educação
preferido nomear Roger Garaudy para este cargo. Mais tarde, em 1969, Gilles
Deleuze viria a substituir Michel Focault na Universidade de Vincennes –PRIS VIII.
Uma profunda
amizade, misturada de um grande respeito, ligará os dois homens, cada um nunca
deixando d estar atento ao trabalho do outro onde ele sabia encontra ecos do
seu próprio pensamento. Em novembro de 1970, Michel Foucault fará ,na revista –Critique-, uma exposição de
Diferença e Repetição e Lógica do Sentido:, escrevia
Michel Foucault , “de dois livros que me parecem grandes entre os grandes.Tão
grandes, sem duvida, que é difícil falar deles
e que poucos o fizeram. Creio que durante muito tempo esta obra pairará
sobre nossas cabeças, em ressonâncias enigmáticas com a de Klossowski, outro
sinal maior e marcante. Mas um dia talvez, o século será Deleuziano”. E, numa
note em Surveiller et Punir (p.20) Michel Foucault escrevia: “de qualquer forma , eu não saberia medir em
referência ou citações o que este livro deve a Gilles Deleuze e a seu trabalho
com Felix Guattari”. Ainda na revista –Critique lugar privilegiado do seu diálogo,
Gilles Deleuze fará a exposição de Arqueologia do Saber –“um novo arquivista”-
e de Vigiar e Punir – “escritor ou não, um novo cartógrafo”.
A proximidade
de Gilles Deleuze e Michel Focault eram também, política: na véspera de maio de
68 , Gilles Deleuze juntar-se-á ao grupo de informações sobre as Prisões (G.I.P) principalmente animado por Michel
Foucault. E numerosas fotos as apresentam juntos nas manifestações de
intelectuais contra abusos policiais e judiciários.
Momento
privilegiado desta conveniência : a entrevista aparecida em 1972, no número de “L’Arc”
consagrando a Gilles Deleuze onde os dois filósofos, cada um no seu próprio
estilo , analisam a transformação das relações teórico-práticas características
da nova conjuntura política.
Este dialogo
necessário devia prosseguir depois da morte de Foucault (1984).Gilles Deleuze
consagra-lhe –á o seu penúltimo curso e publicará, em 1987, o livro maior sobre
Michel Foucault : é, diz ele mesmo, o livro que ele teria gosto de escrever com
ele.
*Artigo
traduzido e reiterado da revista –Magazine litteraire- n º 257,set/ 88.
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