Páginas

quarta-feira, 19 de março de 2014

Foucault , Deleuze: um dialogo fecundo e ininterrupto

Foucault , Deleuze: um dialogo fecundo e ininterrupto

Gilles Deleuze e Michel Focault encontraram-se em 1963. Era  a véspera da aparição de Nietzsche.Michel Foucault queria trazer Gilles Deleuze como professor para a Universidade  de Clemont-Ferrand, onde ele mesmo ensinava. A coisa não se realizou, tendo o ministério da Educação preferido nomear Roger Garaudy para este cargo. Mais tarde, em 1969, Gilles Deleuze viria a substituir Michel Focault na Universidade de  Vincennes –PRIS VIII.
Uma profunda amizade, misturada de um grande respeito, ligará os dois homens, cada um nunca deixando d estar atento ao trabalho do outro onde ele sabia encontra ecos do seu próprio pensamento. Em novembro de 1970, Michel Foucault  fará ,na revista –Critique-, uma exposição de Diferença e Repetição e Lógica do Sentido:, escrevia Michel Foucault , “de dois livros que me parecem grandes entre os grandes.Tão grandes, sem duvida, que é difícil falar deles  e que poucos o fizeram. Creio que durante muito tempo esta obra pairará sobre nossas cabeças, em ressonâncias enigmáticas com a de Klossowski, outro sinal maior e marcante. Mas um dia talvez, o século será Deleuziano”. E, numa note em Surveiller et Punir  (p.20) Michel Foucault  escrevia:  “de qualquer forma , eu não saberia medir em referência ou citações o que este livro deve a Gilles Deleuze e a seu trabalho com Felix Guattari”. Ainda na revista –Critique lugar privilegiado do seu diálogo, Gilles Deleuze fará a exposição de Arqueologia do Saber –“um novo arquivista”- e de Vigiar e Punir – “escritor ou não, um novo cartógrafo”.
A proximidade de Gilles Deleuze e Michel Focault eram também, política: na véspera de maio de 68 , Gilles Deleuze juntar-se-á ao grupo de informações sobre as Prisões  (G.I.P) principalmente animado por Michel Foucault. E numerosas fotos as apresentam juntos nas manifestações de intelectuais contra abusos policiais e judiciários.
Momento privilegiado desta conveniência : a entrevista aparecida em 1972, no número de “L’Arc” consagrando a Gilles Deleuze onde os dois filósofos, cada um no seu próprio estilo , analisam a transformação das relações teórico-práticas características da nova conjuntura política.
Este dialogo necessário devia prosseguir depois da morte de Foucault (1984).Gilles Deleuze consagra-lhe –á o seu penúltimo curso e publicará, em 1987, o livro maior sobre Michel Foucault : é, diz ele mesmo, o livro que ele teria gosto de escrever com ele.
*Artigo traduzido e reiterado da revista –Magazine litteraire- n º 257,set/ 88.


Nenhum comentário: