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quinta-feira, 30 de maio de 2013

TEXTO DE Antonin Artaud.

CARTA AO PAPA O Confessionário não é você papa , oh Papa, somos nós; entenda-nos e que os católicos nos entendam. Em nome da pátria, em nome da família, você promove a venda das almas, a livre trituração dos corpos. Temos, entre nós e nossas almas, suficientes caminhos para percorrer, suficientes distâncias para que neles se interponham os teus sacerdotes vacilantes e esse amontoado de doutrinas afoitas das quais se nutrem todos os castrados do liberalismo mundial. Teu Deus Católico e cristão que, como todos os demais deuses, concebeu todo o mal: 1ºVocê enfiou no bolso. 2º Nada temos a fazer com teus cânones, index, pecado, confessionário, padralhada, nós pensamos em outra guerra, guerra contra você, Papa Cachorro. Aqui o espírito se confessa para o espirito. De ponta a ponta de teu carnaval romano, o que triunfa é o ódio sobre as verdades imediatas da alma, sobre essas chamas que chegam a consumir o espirito. Não existe Deus Bíblia, Evangelho; não existem palavras que possam deter o mundo; nem a terra nem Deus falam de você. O mundo é o abismo da alma, Papa caquético, Papa alheio à alma, deixe-nos nadar em nossos corpos, deixe nossas almas em nossas almas, não precisamos do teu facão de claridades.
REFERENCIAS: WILLER, C. Os escritos de Antonin Artaud. Porto Alegre: L&PM, 1986.(ColeçãoRebeldes &Malditos­v. 5).

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