Páginas

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Glossário.Imagem-Movimento. Gilles Deleuze.

Sobre o Autor
Gilles Deleuze (1925) publicou inúmeros livros, entre os quais
Empirismo e Subjetividade; Nietzsche e a Filosofia; A Filosofia de Kant;
Marcel Proust e os Signos; O Bergsonismo; Diferença e Repetição; Francis
Bacon: Lógica da Sensação; Spinoza e Lógica do Sentido. Em colaboração
com Félix Guattari, escreveu Kafka, Por uma Literatura Menor, O AntiÉdipo
e Rizoma.

Glossário


Imagem-movimento: conjunto acentrado de elementos variáveis que
agem e reagem uns sobre os outros.

Centro de Imagem: hiato entre um movimento recebido e um
movimento executado, uma ação e uma reação (intervalo).

Imagem-percepção: conjunto de elementos que agem sobre um
centro, e que variam em relação a ele.

Imagem-ação: reação do centro ao conjunto.

Imagem-afecção: o que ocupa o hiato entre uma ação e uma reação,
o que absorve uma ação exterior e reage no interior.

IMAGEM-PERCEPÇÃO (a coisa).

Dicissigno: termo criado por Peirce para designar sobretudo o signo
da propo-sição em geral. Empregado aqui em relação ao caso especial do
"discurso indireto livre" (Pasolini). E uma percepção no quadro de uma
outra percepção. E o estatuto da percepção sólida, geométrica e física.

Reuma: não confundir com o "rema" de Peirce (palavra). E a
percepção daquilo que atravessa o quadro ou flui. Estatuto liquido da
percepção nela mesma.

Grama (engrama ou fotograma): não confundir com uma foto. E o
elemento genético da imagem-percepção, inseparável como tal de certos
dinamismos (imobilização, vibração, pisca-pisca, anel, repetição,
aceleração, câmera lenta, etc.). Estatuto gasoso de uma percepção
molecular.

IMAGEM-AFECÇÃO (a qualidade ou a potência).

Ícone: utilizado por Peirce para designar um signo que remete a seu
objeto em virtude de caracteres internos (semelhança). Empregado aqui
para designar o afeto enquanto expresso por um rosto, ou por um
equivalente de rosto.

QualIssigno (ou potissigno): termo criado por Peirce para designar
uma qualidade que é um signo. Empregado aqui para designar o afeto
enquanto expresso (ou exposto) num espaço qualquer. Um espaço
qualquer é ou um espaço esvaziado, ou um espaço cuja junção das partes
não é fixa ou fixada.

Dividual: o que não é nem indivisível nem divisível, mas que se divide
(ou se junta) mudando de natureza. É o estatuto da entidade, isto é, do
que é expressado numa expressão.


IMAGEM-PULSÃO (a energia).

Sintoma: designa as qualidades ou potências reportadas a um mundo
originário (definido por pulsões).

Fetiche: pedaço arrancado pela pulsão em um meio real, e
correspondente ao mundo originário.

IMAGEM-AÇÃO (a força ou o ato).

Synsigno (ou englobante): corresponde ao "sinsigno" de Peirce.
Conjunto de qualidades e de potências enquanto atualizadas num estado
de coisas, constituindo, por conseguinte, um meio real em torno de um
centro, uma situação em relação a um sujeito: espiral.

Vestígio: vínculo interior entre a situação e a ação.
Índice: utilizado por Peirce para designar um signo que remete a seu
objeto em virtude de um vínculo de fato. Empregado aqui para designar o
vínculo de uma ação (ou de um efeito de ação) com uma situação que não
é dada, mas apenas inferida, ou então que permanece equívoca e passível
de ser revirada. Distinguem-se nesse sentido índices de falta e índices de
equivocidade: os dois sentidos da elipse.

Vetor (ou linha de universo): linha quebrada que une pontos
singulares ou momentos notáveis no ápice de sua intensidade. O espaço
vetorial se distingue do espaço englobante.

IMAGEM DE TRANSFORMAÇÃO (a reflexão).

Figura: signo que, em vez de remeter a seu objeto, reflete um outro
(imagem cenográfica ou plástica); ou então que reflete seu próprio objeto,
mas invertendo-o (imagem invertida); ou então que reflete diretamente
seu objeto (imagem discursiva).

IMAGEM MENTAL (a relação).

Marca: designa as relações naturais, isto é, os aspectos sob os quais
imagens são ligadas por um hábito que faz passar de umas para as
outras. A des-marca designa uma imagem arrancada às suas relações
naturais.

Símbolo: utilizado por Peirce para designar um signo que remete a
seu objeto em virtude uma lei. Empregado aqui para designar o suporte
de relações abstratas, isto é, de uma comparação de termos
independentemente de suas relações naturais.

Opsigno e consigno: imagem ótica e sonora pura que rompe os
vínculos sensório-motores, extravasa as relações e não se deixa mais
exprimir em termos de movimento, mas se abre diretamente sobre o
tempo.



Referencia: DELEUZE, Gilles. A imagem-movimento: cinema 1. 2. ed. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009. 329 p. (Livros de cinema ; 6)

Nenhum comentário: