Águia ( e Serpente ) - São os da animais de Zaratustra. A serpente está enrolada em torno do pescoço da águia. Ambos exprimem,pois, o eterno Retorno como aliança, como anel, como esponsais do casal divino Dionísio-Ariana. Mas exprimem-no de maneira animal, como uma certeza imediata ou uma evidência natural. ( A essência do eterno retorno escapa-lhes, quer dizer , o seu caráter seletivo, tanto do ponto de vista do pensamento como do Ser).Por isso, fazem do eterno Retorno uma tagarelice, uma omissão. e ainda mais : a serpente desenrolada exprime o que há de insuportável e de impossível no eterno Retorno, enquanto o tornamos como uma certeza natural segundo a qual .
Burro(ou Camelo) - São os animais do deserto (niilismo).Carruagem, carregam com fardos até o fim do deserto. O Burro tem dois defeitos: o seu Não é um falso não , um do ressentimento. E ainda mais, o seu Sim (I-A,I-A) é um falso sim. Julga que afirmar significa carregar,assumir. O Burro é , em primeiro lugar, o animal cristão: carrega com o peso dos valores ditos < superiores a vida>. Depois da morte de Deus , carrega com o peso dos valores < humanos>, pretende assumir < o real como ele é>: por conseguinte , ele é novo deus dos . de uma ponta à outra, o Burro é a caricatura e a tradição do Sim dionisíaco;afirma, mas só afirma os produtos do niilismo. As suas longas orelhas opõe-se, pois, ás orelhas pequenas, redondas e labirínticas de Dionísio e de Ariana.
Aranha ( ou Tarântula ) - É o espirito de vingança ou de ressentimento. O seu poder de contágio é o seu veneno. A sua vontade é uma vontade de punir e julgar.A sua arma é o fio, o fio da moral. A sua pregação é a igualdade ( que toda a gente se torne semelhante a si mesmas!).
Ariana ( e teseu) - É a Anima. Ela foi amada por teseu e amou-se. Mas então, precisamente, ela segurava o fio, era um pouco Aranha, fria criatura do ressentimento. Teseu é o herói, uma imagem do homem superior. Possui todas as inferioridades do : carregar, assumir, não saber renunciar , ignorar a ligeireza . Enquanto Ariana ama Teseu, e é amada por ele, a sua feminidade continuada aprisionada , ligada pelo fio. Mas quanto Dionísio-Touro se aproxima, ele aprende qual é a verdadeira afirmação, a verdadeira ligeireza. Torna-se a Anima afirmativa , que diz sim a Dionísio. Ambos constituem o casal que constitui o eterno Retorno e engendram o Super-Homem. Porque:.
Bobo (Macaco, Anão ou Demônio)- É a criatura de Zaratustra. Imita-o, mas como a lentidão imita a ligeireza.Ele também representa o maior perigo de Zaratustra: A traição da doutrina. O bobo despreza, mas o seu desprezo vem do ressentimento. Ele é o espirito da lentidão. Como Zaratustra, pretende ultrapassar, superar. Mas superar significa para ele: ou fazer-se carregar( subir para os ombros do homem, e do próprio Zaratustra); ou, então saltar por cima. São os dois contra-sensos possíveis sobre o < Super-Homem>.
Cristo(São Paulo e Buda) - 1º Ele representa um momento essencial do niilismo: o da má consciência depois do ressentimento judaico. Mas é sempre a mesma empresa de vingança e de inimizade contra a vida; Porque o amor cristão valoriza apenas os aspectos doentes e desolados da vida. Com a sua morte, Cristo parece torna-se independente do Deus judeu : torna-se universal e . Mas encontrou apenas um novo meio de julgar , de universalizar a condenação da vida , ao interiorizar a falta (má consciência). Cristo seria morto por nós, pelos nosso pecados! Esta é. pelo menos, a interpretação de São Paulo; e foi esta interpretação que levou a melhor na igreja e na História . O martírio de Cristo opõe-se, pois, ao de Dionísio: num caso, a vida é julgada e deve expiar; no outro, ela é bastante justa por si mesma para justificar tudo. < Dionísio contra o Crucificado>
- 2º Mas se procuramos, sob a interpretação paulista , qual era o tipo pessoal de Cristo, Advínhamos que Cristo pertence ao de uma maneira completamente diferente. Ele é doce, alegre, não condena, indiferente a qualquer culpabilidade; apenas quer morrer, deseja a morte. Por isso, testemunha um grande avanço sobre São Paulo e já representa o estádio supremo do niilismo, o do ultimo homem ou mesmo do homem que quer morrer:o estádio mais próximo da transmutação dionisíaca. Cristo é < o mais interpresante dos decadentes>, uma espécie de Buda. Ele torna possivel uma transmutação; deste ponto de vista, a síntese de Dionísio e de Cristo torna-se ela própria possivel: < Dionísio-Crucificado> .
Dionísio- Sobre os diferentes aspectos de Dionísio, 1º em relação com Apolo: 2º em oposição com Sócrates;3º em contradição com Cristo; 4º em complementaridade com Ariana, cf. a exposição precedente da filosofia de Nietzsche e mais adiante, os textos.
Homens superiores - São múltiplos, mas testemunhas um mesmo empreendimento: depois da morte de Deus, substituir os valores divinos por valores humanos. Eles representam, pois, o devir da cultura , ou esforço para pôr o homem no lugar de Deus. Como o principio de avaliação permanente o mesmo, como a transmutação não é feita, eles pertencem plenamente ao niilismo e estão mais próximos do bobo de Zaratustra do que o próprio Zaratustra. São, , e não sabem rir, nem brincar nem dançar. Na ordem lógica, a sua processão é a seguinte:
1º O último papa: Sabe que Deus está morto, mas acredita que Deus se asfixiou a si mesmo, asfixiou-se de piedade, já não podendo suportar o seu amor pelos homens. O ultimo papa ficou sem senhor e, contudo, não é livre, vive de lembranças.
2º Os dois reis: Representam o movimento da, que se propõe formar e erguer o homem, fazer um homem livre pelos meios mais violentos, mais constrangedores. Assim, há dois reis, um de esquerda para os meios, um de direita para o fim. Mas, antes como depois da morte de Deus , para os meios como para o fim, a propria moralidade dos costumes degenera , edifica e seleciona ao contrário, cai em proveito da (triunfo dos escravos). São os dois reis que conduzem o Burro, de que o conjunto dos homens superiores farão o seu novo deus.
3º O mais ignóbil dos Homens: Foi ele que matou Deus, porque não suportava a sua piedade. Mas é sempre o velho homem, ainda mais covarde: em vez da má consciência de um Deus morto para ele, experimenta a má consciência de um Deus morto por ele; em vez de piedade vinda de Deus, conhece a piedade vinda dos homens, a piedade da populaça, ainda mais suportável. É ele que dirige a litania do Burro e suscita o Falso.
4º O homem sanguesuga: Quis substituir os valores divinos, a religião e até a moral pelo conhecimento.O conhecimento deve ser cientifico,exato, incisivo:pouco importa então que o seu objeto seja pequeno ou grande; o conhecimento exato da mais pequenas coisa substituirá a nossa crença nos valores vagos.Esta é a razão por que um homem dá o seu braço à sanguessuga, e dá-se ´por tarefa e por ideal conhecer uma coisa pequeníssima: o cérebro da sanguessuga ( sem remontar às causa primeiras).Mas o homem da sanguessuga não sabe que o conhecimento é a própria sanguessuga e que toma o lugar da moral e da religião, perseguindo o mesmo fim delas: fazer uma incisão na vida, mutilar e julgar a vida.
5º O Mendigo volutuário: Renunciou ao próprio conhecimento. Apenas acredita na felicidade humana, procura a felicidade na terra. Mas a felicidade humana por mais simples que seja, não se encontra mesmo entre a populaça, animada pelo ressentimento e pela má consciência. A felicidade humana só se encontra entre as vacas.
- 2º Mas se procuramos, sob a interpretação paulista , qual era o tipo pessoal de Cristo, Advínhamos que Cristo pertence ao
Dionísio- Sobre os diferentes aspectos de Dionísio, 1º em relação com Apolo: 2º em oposição com Sócrates;3º em contradição com Cristo; 4º em complementaridade com Ariana, cf. a exposição precedente da filosofia de Nietzsche e mais adiante, os textos.
Homens superiores - São múltiplos, mas testemunhas um mesmo empreendimento: depois da morte de Deus, substituir os valores divinos por valores humanos. Eles representam, pois, o devir da cultura , ou esforço para pôr o homem no lugar de Deus. Como o principio de avaliação permanente o mesmo, como a transmutação não é feita, eles pertencem plenamente ao niilismo e estão mais próximos do bobo de Zaratustra do que o próprio Zaratustra. São
1º O último papa: Sabe que Deus está morto, mas acredita que Deus se asfixiou a si mesmo, asfixiou-se de piedade, já não podendo suportar o seu amor pelos homens. O ultimo papa ficou sem senhor e, contudo, não é livre, vive de lembranças.
2º Os dois reis: Representam o movimento da
3º O mais ignóbil dos Homens: Foi ele que matou Deus, porque não suportava a sua piedade. Mas é sempre o velho homem, ainda mais covarde: em vez da má consciência de um Deus morto para ele, experimenta a má consciência de um Deus morto por ele; em vez de piedade vinda de Deus, conhece a piedade vinda dos homens, a piedade da populaça, ainda mais suportável. É ele que dirige a litania do Burro e suscita o Falso
4º O homem sanguesuga: Quis substituir os valores divinos, a religião e até a moral pelo conhecimento.O conhecimento deve ser cientifico,exato, incisivo:pouco importa então que o seu objeto seja pequeno ou grande; o conhecimento exato da mais pequenas coisa substituirá a nossa crença nos
5º O Mendigo volutuário: Renunciou ao próprio conhecimento. Apenas acredita na felicidade humana, procura a felicidade na terra. Mas a felicidade humana por mais simples que seja, não se encontra mesmo entre a populaça, animada pelo ressentimento e pela má consciência. A felicidade humana só se encontra entre as vacas.
6º O Encantador: É o homem de má consciência , que se persegue tanto sob o reinado de Deus como depois da morte de Deus. A má consciência é essencialmente comediante, exibicionista. Ela desempenha todos os papéis, mesmo o do ateu, mesmo o do poeta, mesmo o de Ariana. Mas mente e recrimina sempre. Ao dizer < é o meu erro>, ela quer suscitar a piedade, inspirar a própria culpabilidade àqueles que são fortes , envergonhar tudo o que é vivo, propagar o seu veneno.< A tua queixa contém uma armadilha!>
7º A Sombra viajante: É a actividade da cultura que, por parte, procurou realizar o seu fim ( o homem livre, selecionado e construído): sob o reino de Deus, depois da morte de Deus, no conhecimento , na felicidade,etc.Ela falhou o seu fim em toda a parte, porque este fim é também uma Sombra. Este fim, o Homem superior, é ele mesmo falhado, imperfeito. É a Sombra de Zaratustra, nada mais do que a sua sombra, que o segue por toda a parte, mas desaparece na duas horas importantes da Transmutação, Meia-Noite e Meio-Dia.
8º O Adivinho: Diz . Anuncia o último estádio do niilismo: o momento em que o homem, tendo medido a fragilidade do seu esforço para substituir Deus, preferirá já não querer tudo, de preferencia a querer o nada.O adivinho anuncia, pois, o ultimo Homem, prefigurando o fim do niilismo, ele já mais longe do que os homens superiores. Mas o que lhe escapa é aquilo que está ainda além do último homem: o homem que quer morrer,o homem que quer seu próprio declínio. Com este, o niilismo culmina realmente, é vencido por si mesmo: a transmutação e o super-homem estão próximos.
Zaratustra ( e o Leão) - Zaratustra não é dionísio, mas apenas o seu profeta. Há duas maneiras de exprimir esta subordinação. Poderíamos dizer primeiro que Zaratustra se mantém no -não-. Sem Duvida, este Não já não é o do niilismo: é o - Não sagrado- do Leão. É a destruição de todos os valores estabelecidos, divinos e humanos, que compunham precisamente o niilismo. É o -Não- trans-niilista inerente à transmutação. Também Zaratustra parece ter acabado a sua tarefa ao mergulhar as suas mãos na juba do Leão. Mas, na verdade, Zaratustra não permanece no Não, mesmo sagrado e transmutante.Participa plenamente da afirmação dionisíaca , ele é já a ideia desta afirmação, a ideia de Dionísio. Da mesma maneira que dionísio celebra os esponsais com Ariana no eterno Retorno, Zaratustra encontra a sua noiva no eterno Retorno. Da mesma maneira que Dionísio é o pai do Super-Homem, Zaratustra chama filho ao Super-Homem. No entanto, Zaratustra é ultrapassado pelos seus próprios filhos; e ele não passa de pretendente, não é o elemento constituinte do anel do Eterno Retorno. Produz menos o Super-Homem do que assegura esta produção no homem, criando todas as condições nas quais o homem se ultra-passa e nas quais o Leão se torna Criança.
Referência: DELEUZE, GILLES, 1925-. Nietzsche. São Paulo: Martins Fontes, 1985. 87 p. (Biblioteca básica de filosofia ; 16)